DISPARIDADE NO ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

DISPARIDADE NO ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

Apenas um quinto dos alunos da rede estadual ingressa no ensino superior imediatamente após o ensino médio

O Censo da Educação Superior, recentemente divulgado pelo Inep, autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e responsável por estudos e avaliações sobre a educação no Brasil, revelou dados importantes sobre o acesso à educação superior.

Apenas 21% dos estudantes da rede pública estadual ingressam no ensino superior imediatamente após o ensino médio, um dado que contrasta fortemente com os 59% dos egressos de escolas privadas. A média nacional é igualmente preocupante: apenas 27% dos jovens avançam diretamente para a graduação após o ensino médio, ressaltando a disparidade entre redes de ensino e a necessidade de políticas que ampliem o acesso ao ensino superior.

Outro ponto relevante do estudo é a análise das taxas de conclusão de cursos entre os beneficiários de políticas de inclusão, como cotas, Prouni e Fies. Entre os cotistas da rede federal, a taxa de conclusão alcança 51%, enquanto entre os não cotistas é de 41%.

O Programa Universidade Para Todos (Prouni), que oferece bolsas de estudo parciais (50%) e integrais (100%) em instituições privadas de ensino superior para estudantes de baixa renda — do qual eu também fui beneficiado — apresenta um impacto ainda mais expressivo, com uma taxa de conclusão de 58% entre seus beneficiários.

Já o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) mostra a maior diferença: a taxa de conclusão entre alunos que utilizam o financiamento é de 49%, comparada a 34% entre os que não têm acesso ao programa — uma diferença de 15 pontos percentuais.

Esses dados são fundamentais para desmistificar o desempenho dos estudantes que ingressam por meio de políticas afirmativas. Eles demonstram que programas de apoio financeiro e social não apenas democratizam o acesso, como também contribuem para uma maior permanência e conclusão dos cursos, consolidando a importância dessas políticas para a formação de jovens de baixa renda e grupos sub-representados.

O censo também aponta um crescimento significativo no número de matrículas. Entre 2022 e 2023, houve um aumento de 5,6%, o maior registrado desde 2014, totalizando 9,9 milhões de matrículas no ensino superior brasileiro. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor privado, que concentra a maior parte das matrículas.

Para finalizar, outro dado relevante diz respeito à formação de professores no país. Das mais de 1,7 milhões de matrículas em cursos de licenciatura, 67,1% estão em instituições privadas e, dessas, 90% são na modalidade EaD. Isso nos faz pensar que a forma de ensinar passará por mais mudanças no futuro.


Danilo Costa é Diretor Executivo do Grupo Cultural AfroReggae; analista de sistemas por formação, especialista em Gestão do Sistema Único de Assistência Social, com MBA em Administração de Empresas pela FGV. Com ampla experiência no terceiro setor e na administração pública, atuou na Prefeitura de Nova Iguaçu, no Senado Federal e nos Governos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás, por meio da Unesco.

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